quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Entrevista com Hélio Campos Mello, da revista Brasileiros. Por Rafael Rodrigues.

* Postado originalmente no O Leitor, mas devido ao número astronômico (pra não dizer o contrário) de visitas lá, resolvi postar aqui também.

Conheci a revista Brasileiros totalmente por acaso. Foi em fevereiro deste ano, pela internet, e a matéria de capa da revista era sobre Muricy Ramalho, uma das pessoas que mais admiro. Além de ser espontâneo e verdadeiro, Muricy é, assim como eu, são-paulino. Comprei a edição (de número 19) e fui direto na matéria sobre o ex-técnico do São Paulo, que foi entrevistado por Ricardo Kotscho (também são-paulino), Fernando Figueiredo Mello e Hélio Campos Mello, sendo este último diretor de redação e idealizador/fundador da Brasileiros.

Para mim não havia outra saída a não ser gostar da matéria – e da revista. A coisa aumentou de grau quando, depois de enviar uma tentativa de colaboração para lá, me enviaram um e-mail solicitando uma foto minha e uma rápida biografia, para colocarem na página de colaboradores da então próxima edição, a de número 20, que além de ter uma ótima matéria de capa com a socióloga, educadora e cientista política Maria Victoria Benevides, traz também homenagens a várias mulheres (representando todas as brasileiras) e uma reportagem sobre o médico Aziz Miguel Filho, que paga pra trabalhar, além de outras boas matérias.

Por ser um tanto diferente das revistas com as quais estava acostumado, semanais engajadas em alguma corrente política e mensais insossas, a Brasileiros tinha tudo para se tornar um xodó meu. Gosto de bons textos, com personagens inusitados e até mesmo improváveis. Além disso, a Brasileiros dá destaque a certas coisas que o restante da imprensa deixa passar em branco. Não apenas pessoas que tentam fazer deste Brasil um lugar melhor, mas também livros, discos, enfim, produtos culturais que as revistonas e os jornalões esquecem de divulgar ou criticar. Com a minha matéria publicada, então, vocês podem imaginar: virou mesmo mais um xodó entre os tantos que tenho. Agora a acompanho todo mês, comprando nas bancas, e em breve me torno assinante.

A Brasileiros teve sua edição de número 1 publicada em julho de 2007. Ela faz, portanto, 2 anos neste mês. Quer dizer, ela é um pouco mais velha que isso. Digamos que ela tenha nascido uma pouco antes mas só foi registrada em cartório no mês de julho. Por isso não é do signo de Câncer, casa do zodíaco à qual pertenço. Essa foi uma das coisas que o já citado Hélio Campos Mello “falou”, na entrevista que ele me concedeu por e-mail e que vocês leem a seguir. Detalhe: em determinado momento, Hélio faz uma observação sobre o fato de estar sendo espontâneo e também sobre não ter ainda se acostumado com a acentuação do novo computador. Quando imaginei a entrevista, pensei mesmo em algo bem próximo de uma conversa. Por isso resolvi manter a observação.

Hélio, você passou por algumas das maiores redações do país (Veja, Estadão, IstoÉ). Me desculpe fazer a pergunta desta maneira, mas por que em vez de continuar trabalhando para outros veículos você resolveu criar o seu? Não seria trocar dores de cabeça eventuais por uma enxaqueca, no sentido de que tanto as responsabilidades quanto o trabalho são bem maiores?

Acho que fazer a Brasileiros é fechar um ciclo e iniciar outro. O primeiro – e longo – ciclo foi uma caminhada que teve seu inicio na década de 70 no Jornal da Tarde e O Estado de São Paulo, com Murilo Felisberto e Miguel Jorge, na Veja, com Mino Carta, em alguns estúdios de fotografia, no jornal Última Hora, com Samuel Weiner – todos esse lugares/empregos exclusivamente como fotógrafo, que é a minha formação. Esse ciclo continuou em 76 na IstoÉ, de novo com Mino Carta, até 1980, aí já como editor de fotografia, além de fotógrafo/ fotojornalista. Passei um tempo em Nova York, fotografando para Veja e Visão, até voltar a trabalhar com Mino Carta, na Senhor, semanal da Editora Três. Lá fui fotojornalista, editor de fotografia, secretário de redação, tradutor da The Economist e fechador das colunas de Claudio Abramo e Raymundo Faoro. Em 1988 participei da verdadeira revolução editorial feita pela Agência Estado, sob o comando do Rodrigo Mesquita, no Grupo Estado. Como diretor, lá fiquei até 1993 e participei da transição tecnológica que informatizou redação, fotografia e também na implantação da informação em tempo real, principalmente a econômica, um pouco antes do advento da internet como ferramenta de rotina, como hoje a usamos. De quebra cobri a invasão americana ao Panamá, em busca do general Noriega, em 1989, e a Guerra do Golfo em 1990/1991. Nessa última, como uma espécie de cereja no bolo, ou, melhor, tâmara nessa torta quase indigesta, eu e meu companheiro de trabalho naquele momento, William Waack, fomos presos e assim ficamos por uma semana em mãos de tropas do outrora temido Saddam Hussein.

O final desse ciclo se dá na IstoÉ, para onde voltei em 1993. Foram 13 anos nos quais trabalhei como fotógrafo, redator-chefe, diretor de planejamento e diretor de redação. Me lembro, com carinho, que conseguimos nesse período 10 prêmios Esso. Mas, como em um casamento, houve mútuo cansaço, e, finalmente, a separação aconteceu em fevereiro de 2006. A IstoÉ ficou lá e eu saí em busca de novos caminhos. Seria um ano sabático para decidir o que fazer não fosse por três matérias especiais que eu e meu amigo Ricardo Kotscho fizemos para o jornal O Globo e uma consultoria que prestei mensalmente para uma agência de publicidade. Mas no que de sabático deu para aproveitar, eu e minha mulher – e hoje minha sócia –, Patricia Elena Rousseaux, viajamos e conversamos muito. E foi olhando em direção a África, com muito vento na cara, numa praia da Bahia, que chegamos, nós dois, ao formato e ao nome da Brasileiros. E aí começa um novo ciclo. Que podemos até chamá-lo, parodiando um pedaço de sua pergunta: “Por que ter uma boa dor de cabeça se podemos ter uma tremenda enxaqueca?”. Como você pode, perceber perdemos o sono – graças às contas para pagar – mas não perdemos o humor.

Você poderia definir, em algumas palavras, a Brasileiros?

A Brasileiros é a realização do conjunto de velhos sonhos com o exorcismo de alguns pesadelos. Como exemplo, eu sempre quis trabalhar em uma revista que tivesse espaços generosos para boas reportagens, como a Realidade, a Vanity Fair, a National Geographic. Ao mesmo tempo, a arrogância do jornalismo sempre frequentou alguns maus sonhos que tive, assim como também o fato de não poder demonstrar gostar do país que vivemos sem ser confundido com ufanista boboca e, portanto, não ter vergonhas em falar de suas coisas boas. Isso sem ter medo em falar de suas misérias e mazelas. Outro de meus sonhos é poder exercer o lado lúdico do jornalismo, que é sair para ver as coisas, falar com as pessoas, e depois ter uma revista onde editar – com prazer – o resultado dessas experiências. Com belas aberturas, belos textos e belas fotos. Enfim, desfrutar do prazer dessa profissão que pode proporcionar muito prazer.

Confesso que só conheci a Brasileiros este ano. Aliás, minto: já a conhecia, mas só em fevereiro comprei e li uma edição da revista. E, mesmo assim, porque aquele número tem o Muricy Ramalho - de quem sou fã incondicional - na capa. Foi então que descobri o quão boa é a Brasileiros - e não estou aqui puxando o seu saco - e agora acompanho a revista todo mês. A pergunta, finalmente, é: por que, na sua opinião, o espaço para revistas como a Brasileiros - e outras como piauí, Rolling Stone e Trip - é ainda um tanto restrito, no Brasil? Apesar disso, os leitores parecem estar dando mais atenção a essas publicações - ou não?

(Tá tudo muito caudaloso, Rafael, fique à vontade para cortar o que precisar e, por favor, estou de computador novo – agora é um Mac – e os acentos são as maiores vítimas.) Acho que há um início de cansaço com relação à imprensa da maneira como ela é feita, quando feita de uma maneira pasteurizada, burocratizada, excessivamente modulada. E essas três revistas que você citou estão ocupando esse espaço, cada uma à sua maneira, porque são revistas muito diferentes entre si.

Mudando um pouco de assunto: o que você achou da decisão do STF de derrubar a obrigatoriedade do diploma de jornalismo para exercer a profissão de jornalista?

Eu sempre lutei, luto e lutarei pela busca de algo não muito palpável, que é o bom senso. Em relação à exigência do diploma, acho falta de bom senso proibir indivíduos talentosos, que possam agregar conhecimento, informação, cultura, de publicar seus trabalhos em jornais ou revistas. Assim como acho falta de bom senso e excesso de oportunismo mal-intencionado se aproveitar da não exigência do diploma para contratar, a preços aviltantes e aviltados, mão de obra desqualificada.

Todos os dias alguém fala em fim dos jornais - na verdade, da mídia impressa - e até em fim do jornalismo. Porque jornais estão sendo fechados, as tiragens estão caindo etc. O que você acha disso? Os jornais, as revistas e o jornalismo vão mesmo acabar? (Acredito que a Brasileiros é a sua melhor resposta para essa pergunta, mas gostaria de ler algumas palavras suas sobre o assunto.)

A meu ver, estamos passando por uma reorganização do mercado. Os jornais e as revista semanais perdem espaço. A informação eletrônica ganha e ganha em cima das semanais e dos jornais. Com isso reabre-se um espaço para as mensais de qualidade. É aí que entra a Brasileiros. São revistas feitas com mais cuidado, mas que não podem perder a temperatura. São as revistas que duram mais que os dois, três dias que duram as semanais. Elas não dependem dos furos, elemento cada vez mais indispensável para vender as semanais. Dependem de uma pauta, de bons textos, boas fotos, acabamento primoroso. A Brasileiros é uma revista que busca suprir uma necessidade que eu chamo de fetiche da leitura. É algo como o prazer de entrar em uma boa papelaria e sentir o cheiro do grafite e do papel. A Brasileiros pretende fornecer, além de um conteúdo o mais perto do excelente possível, também esse prazer táctil e de olfato.

Voltando ao aniversário da Brasileiros: ela, assim como eu, nasceu em julho, e agora completa dois anos de existência. Pode parecer uma pergunta boba, mas como a própria revista tem uma página dedicada à astrologia, pergunto: a Brasileiros tem signo? Se sim, qual? (Se não, fica a sugestão: fazer um mapa astral da Brasileiros!)

A Brasileiros é de Gêmeos (a revista foi pensada e gestada durante 2006 e no começo de 2007; a empresa foi registrada em maio de 2007; no mesmo maio saiu o número zero e, finalmente, em julho de 2007, saiu o número 1, com a capa sobre preconceito). A coluna de astrologia desta edição de dois anos é dedicada a isso.

O que os leitores da Brasileiros podem aguardar para os próximos anos, além da continuidade do belo trabalho que vocês vêm desenvolvendo? Já foi cogitado lançar as melhores reportagens em livro ou essa ideia não passa por sua cabeça (ou já passou e foi embora)?

A Brasileiros, como editora, tem algumas publicações sendo desenhadas e manobrando para serem lançadas. Um livro também está nos planos.

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Revista Brasileiros

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Entrevista com Gabriel, o Pensador.




Estas são algumas imagens de minha entrevista com Gabriel, o Pensador.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Breve biografia dos Rolling Stones.






O Rolling Stones é uma banda de rock inglesa formada em 25 de Maio de 1962, e que está entre as bandas mais antigas ainda em atividade. Ao lado dos Beatles, foi a banda mais importante da chamada Invasão Britânica ocorrida nos anos 60, que adicionou diversos artistas ingleses nas paradas norte-americanas.

Formado por Mick Jagger, Keith Richards, Brian Jones, Bill Wyman e Charlie Watts, o grupo calcava sua sonoridade no blues, e surgia como uma opção mais malvada aos bem-comportados Beatles. Em mais de 40 anos de carreira, hits como Satisfaction, Start Me Up, Sympathy for the Devil, Jumping Jack Flash, Miss You e Angie fizeram dos Stones uma das mais conhecidas bandas do rock mundial, levando-a a enfrentar todos os grandes clichês do gênero, desde recepções efusivas da crítica até problemas com drogas e conflito de egos, principalmente entre Jagger e Richards.

História

1960-1970

Tudo começou em 1960, quando os dois amigos de infância, Mick e Keith, se reencontraram em um trem na estação de Dartford, Inglaterra, e descobriram um interesse em comum por blues e rock and roll. Foram convidados pelo guitarrista Brian Jones em 1962 a montar a definitiva banda de R&B branca, que se chamaria The Rolling Stones, inspirado no nome de uma canção de Muddy Waters, Rolling Stone, cujo nome foi utilizado oficialmente, pela primeira vez, em sua apresentação no Marquee Club de Londres em 12 de julho de 1962.

O pianista Ian Stewart, amigo de Brian, seria o co-fundador da banda, mas porque sua imagem pessoal não tinha o devido sex-appeal, ele seria rebaixado a gerente de palco, com direito a gravar com a banda mas não de posar como membro. Bill Wyman, que embora já vivesse da noite há muito mais tempo que os demais, seria acrescentado à banda por um motivo fútil: possuía mais de um amplificador. Em janeiro de 1963, Charlie Watts assumiria definitivamente a bateria. A boa repercussão nas apresentações ao vivo somadas à habilidade promocional de seu empresário, levou a banda a um contrato com a Decca Records (então a piada do ano por ter recusado um contrato com os Beatles). Seu empresário promove a banda com uma imagem de rebeldes e cria a pergunta: Você deixaria sua filha se casar com um Rolling Stone?.


Os primeiros singles, um cover de uma canção de Chuck Berry e Muddy Waters de cada lado, Come On/I Want To Be Loved, e uma gravação para uma composição da dupla John Lennon e Paul McCartney, I Wanna Be Your Man, foram bem aceitos. O primeiro álbum, chamado simplesmente The Rolling Stones, saiu em abril de 1964, contendo apenas uma composição de Jagger e Richards. Apenas com Tell Me (You’re Coming Back), lançado em junho de 1964, é que uma composição da dupla seria lançada como lado A de um compacto. A partir daí, pouco a pouco o material próprio começou a ser valorizado, tendo em Out Of Our Heads, de 1965, o primeiro de uma série de discos basicamente de composições da dupla Jagger-Richards. É nesse ano que a banda lança seu maior hit em todos os tempos, Satisfaction.

Com o álbum Aftermath, de 1966, a banda começaria uma fase de músicas mais longas e de arranjos mais elaborados. O flerte com o rock psicodélico e experimental teria seu ápice em Their Satanic Majesties Request, de 1967. Com Beggar’s Banquet (1968) haveria a volta ao estilo mais próximo ao R&B que os fizeram famosos. São desta época dois dos maiores hits da banda, Jumpin’ Jack Flash, que só saiu como compacto e a controversa Sympathy For The Devil - que Mick disse ter se inspirado em uma visita à um centro de candomblé na Bahia - música responsável pela maior parte das acusações de satanismo que a banda iria sofrer desde então.

Em 1969 Brian Jones oficialmente abandona os Stones, sendo substituído por Mick Taylor (que havia tocado com o John Mayall’s Bluesbreakers). Poucos meses depois de sua saída, Brian Jones seria encontrado morto afogado na piscina de sua casa em Sussex, em circunstâncias até hoje pouco esclarecidas. Existem duas versões: que ele se afogou sob influência de drogas e álcool, ou que ele foi afogado propositalmente por um dos empreteiros contratados para fazer obras na propriedade. Embora houvesse sido planejado muito tempo antes, dias depois a banda realizou um concerto memorável no Hyde Park, em Londres, diante de um público de 300 mil pessoas, que acabou tendo um significado especial além da apresentação do pouco conhecido novo guitarrista, Mick Taylor. O show aconteceu num palco decorado com uma enorme foto colorida e estourada de Jones. Jagger, vestido de branco, interrompeu a apresentação para ler uma passagem do poema Adonais de Percy Bysshe Shelley, em memória do amigo problemático. Enquanto mais de 3.000 borboletas brancas eram soltas do palco para a platéia emocionada. Os Stones pareciam ter chegado ao fim de uma era. Sem imaginar que a próxima tragédia estava bem próxima.

Em 6 de dezembro de 1969, o grupo chegou a Altamont, na Califórnia, para uma grande apresentação ao ar livre - com uma platéia pelo menos duas vezes maior do que a do Hyde Park. Bem antes dos Stones subirem no palco já havia problemas. A segurança do espetáculo estava sob a responsabilidade de um bando de Hell`s Angels de São Francisco, uma gangue de motoqueiros grossos e arrogantes que não sentiam nada a não ser desprezo pela multidão de mais de 500 mil hippies. Qualquer um que tentasse subir no palco era agredido e escorraçado de volta para a platéia por Angels que portavam tacos de sinuca. Durante a apresentação da banda Jefferson Airplane, que antecedeu a atração principal, fãs estavam sendo carregados para as cabanas da Cruz Vermelha em maior quantidade do que os médicos de plantão podiam dar conta. Quando os Rolling Stones finalmente foram se apresentar, a multidão ficou histérica, e os Hell`s Angels reagiram ficando ainda mais selvagens. Durante a execução de Under My Thumb (e não Simpathy for The Devil como muita gente acredita), um jovem negro, Meredith Hunter, foi assassinado com uma punhalada nas costas. Os Stones tinham noção de que alguma coisa havia acontecido, embora do palco fosse difícil dizer exatamente o quê. No dia seguinte é que os Rolling Stones descobriram que quatro pessoas (incluindo Meredith Hunter) haviam morrido naquele dia. Há versões de que Meredith foi agredido pelos Hell`s Angels por estar acompanhado de uma linda loira, mas ele estava armado com um revolver e o assassino, Alan Passaro, foi julgado alguns anos depois e inocentado por legítima defesa. O que aconteceu naquele dia fatídico está registrado no filme Gimme Shelter, de 1970. Ainda em 1969 os Stones lançaram Let It Bleed (título geralmente visto como sátira a Let It Be, dos Beatles, disco que de fato só seria lançado seis meses depois). Em 1970 sai Get Your Ya-Ya’s Out, o primeiro disco ao vivo, com estéreo autêntico e alta fidelidade, gravado de sua apresentação no Madison Square Garden, em Nova York.

1971-1980

Em 1971 a banda passa para a Atlantic Records, que lhes permite estrear o selo próprio, Rolling Stones Records. Nesse ano a banda lança um dos seus álbuns mais curiosos, Sticky Fingers, cuja capa foi idealizada por Andy Warhol com uma foto de uma pélvis atribuida a Jagger e cujo LP original possuía um zíper que podia ser aberto e mostrava uma figura de uma cueca (a despeito da banana do álbum Velvet Underground and Nico). Esse álbum também foi o primeiro a mostrar o famoso logotipo da boca que apesar de ter sido sempre atribuído a Andy Warhol na verdade foi produzido por John Pasche.

Keith Richards encontra-se no interior da França, no castelo gótico Villa Nellecote, especialmente para tentar se livrar das drogas, pela primeira vez. Percebendo estar em um momento excepcionalmente criativo, chama Mick Jagger para começarem a compor. Os dois se unem por várias semanas e produzem dezenas de novas composições que poderiam facilmente integrar um álbum triplo. Para lá é enviado, então, o estúdio móvel de gravação da Rolling Stones Records, tido como o mais moderno do mundo à época. Após a mixagem lançam, em 1972, o álbum duplo Exile on Main Street, considerado por muitos, e pelo próprio Jagger, como o melhor álbum da banda pela sua consistência, plasticidade e versatilidade dos músicos, o qual produz, entre outras, a música Tumblind Dice, obrigatória em qualquer show dos Stones até os dias de hoje.

Com a excelente repercusão do disco anterior e embalados pela sua turnê de 1972/1973, os Stones entram mais uma vez no estúdio e lançam em 1973 o álbum Goats Head Soup, amplamente conhecido pelo hit Angie e pela polêmica Star Star. Interessante que a balada Waiting on a Friend foi composta e gravada durante as sessões deste álbum e lançada apenas oito anos depois no álbum Tattoo You (1981), a qual, devidamente remixada tornou-se um hit da banda, assim como a música Tops.

Em 1974 os Rolling Stones gravam o clássico It’s Only Rock’n’Roll no estúdio do guitarrista Ronnie Wood (que tocava com a banda inglesa The Faces, liderada por Rod Stewart). Com a saída repentina de Mick Taylor para seguir carreira solo, Wood assume a segunda guitarra, embora só será oficialmente um membro efetivo dos Stones a partir da turne de 1975, cuja primeira apresentação com a banda ocorre em 1º de junho do mesmo ano em Baton Rouge, Lousiana, Estados Unidos, através dos acordes de Honky Tonk Women.

Embora a turnê de 1975 tenha sido batizada de Tour Of The Americas pois previa, além dos Estados Unidos e Canadá, shows no Brasil - Rio de Janeiro (14 e 17/08) e São Paulo (19 e 21/08) -, México (7 e 10/08) e Venezuela (28 e 31/08), estes não ocorreram por restrições políticas dos governantes desses países, preocupados com a imagem de desordeiros e drogados que a banda poderia passar além de desagradar os respectivos regimes de governo.

Lançam, então, Black & Blue (1976), um disco mais intimista com forte participações de convidados como Billy Preston, que já havia gravado Let It Be, dos Beatles e vinha participando de todos os álbuns dos Stones desde Sticky Fingers de 1971, e Ron Wood confirmado no comando da segunda guitarra, que obtém razoável sucesso. O álbum seguinte é Love You Live (1977), um duplo ao vivo gravado na turnê européia de 1976, bastante heterogêneo e com a formação básica da banda no palco. Em (1978) lançam Some Girls que é bem mais pesado do que os últimos trabalhos. Este disco é fortemente influenciado pelo movimento punk surgido na Inglaterra no ano anterior, com temas rápidos e agressivos como Respectable e When The Whip Comes Down, embora o disco seja mais lembrado pelo seu hit à la discoteque Miss You. Mostrando a vitalidade característica até os dias de hoje, ainda no mesmo ano saem, novamente, em turnê pelos Estados Unidos e já dão mostras da tendência que por eles será magistralmente explorada nos próximos anos: enormes palcos e infra-estrutura dos shows, jamais vistas até então. Em 1980 lançam um disco mais linear, Emotional Rescue, com vários temas bons mas nenhum grande destaque.

1981-1990

Em 1981 a banda larga Atlantic Records e assina com a EMI. O álbum de estreia é Tatoo You, tido por muitos como o melhor álbum da banda de todos os tempos e talvez o seu único grande triunfo para esta gravadora, visto ser o de maior sucesso comercial da banda até hoje.

Com a excursão americana no mesmo ano, os Rolling Stones definitivamente inauguram a moda de shows gigantescos de duração de três horas, palcos móveis e desmontáveis e toneladas de equipamentos de som e luz. Resumindo a turnê em solo americano lançam em (1982) o álbum ao vivo Still Life (American Concert 1981) e o filme Let’s Spend the Night Together, que, sob a direção do renomado Hal Ashby, mostra o vigor juvenil de Jagger e a reabilitação de Richards das drogas, além do novo formato de apresentações ao vivo.

Em meio a especulações da mídia de possível separação da banda, no final de 1983 os Stones lançam o álbum Undercover, e, alimentando ainda mais estes rumores, a banda não sai em turnê e tampouco os músicos se pronunciam à respeito, cada um elaborando trabalhos individuais e não sendo vistos juntos em nenhuma ocasião.

Ian Stewart, pianista, gerente de palco e um dos fundadores da banda, acompanhando em todos os álbuns e shows, morre em 1985 em virtude de um ataque cardíaco. Tido como o sexto Stone, é homenageado com uma faixa no álbum da banda de 1986, Dirty Work, cujo álbum também não é acompanhado de turnê.

O relacionamento entre os membros restantes da banda não era dos melhores, com desentendimentos freqüentes entre Jagger e Richards. Mick Jagger envereda em uma carreira solo gravando músicas dentro do estilo Rolling Stones e causa um desentendimento sério entre ele e seu sócio Keith Richards. Especulações sobre o fim da banda duram por seis anos, embora o clima ruim não impedisse que continuassem sendo lançados álbuns de repercussão cada vez maior. Jagger, Richards, Wood, Wyman e Watts lançaram vários álbuns solo durante a década de 80 e 90.

Os Stones adentraram a década de 90 com uma nova gravadora, a CBS, em meio a rumores de que Mick Jagger e Keith Richards não podiam nem mesmo dividir uma mesma sala sem se engalfinharem. Os constantes boatos sobre a dissolução da banda ajudaram a catapultar o interesse e a expectativa da turnê e as vendas do álbum Steel Wheels (1989), tornando-a a maior da banda em todos os tempos até então. Os problemas pessoais foram colocados de lado e a banda se apresentou como nos velhos tempos, auxiliada pela habitual parafernália de palco tendo participação durante a turne,do Guns N’ Roses que estava explodindo no cenário musical,como banda de abertura. Reflexo disso é o álbum Flashpoint de 1990 que traz os Stones de volta aos palcos depois de sete anos.

Foi também à partir dessa turnê que os Stones tornaram-se experts nos negócios, transformando-se em uma banda multimilionária, com administração autônoma e profissional, alcançando espaços na mídia até então nunca vistos, tendência que permitiu as sucessivas bem-sucedidas turnês seguintes e um exemplo de exposição e fixação da “marca” The Rolling Stones.

1991-2000

O outro membro original, Bill Wyman, que deixa o grupo em 1993, ainda mantém fortes ligações com a banda, à exemplo de seu pub em Londres, o Sticky Fingers, totalmente decorado com inúmeras fotos, instrumentos e discos de ouro, entre outras lembranças dos Stones. Para o seu lugar é escalado o baixista Darryl Jones, que é apenas músico contratado, não sendo considerado membro oficial.

Em 1994, após um longo período de inatividade, é lançado com grande estardalhaço o álbum Voodoo Lounge, seguido pela turnê de mesmo nome (que passou pelo Brasil). A turnê que se iniciou em 19 de julho de 1994 em Toronto, Canadá, e foi encerrada em 30 de agosto de 1995 em Rotterdam, Holanda, arrecadou em torno de US$ 400 milhoes. Aproveitando a repercussão, todas as gravações da banda são relançadas em CD. O álbum de 1995, Stripped, foi mais intimista, com versões acústicas de vários de seus maiores sucessos e uma regravação gloriosa para “Like a Rolling Stone”, clássico de Bob Dylan.

No ano seguinte lançam The Rock And Roll Circus, trilha sonora de um filme arquivado desde 1968. O CD inclui uma apresentação de diversos artistas, como Jethro Tull, The Who, Marianne Faithfull, então esposa de Jagger e The Dirty Mac que nada mais é que uma pré-versão da Plastic Ono Band. Essa formação incluiu, além de John Lennon e Yoko Ono, Eric Clapton, Keith Richards (no baixo) e Mitch Mitchell, baterista do The Jimi Hendrix Experience.

Ainda em 1997 sai Bridges of Babylon, com uma capa luxuosa e uma excursão mundial igualmente cara, completa, com dois palcos, um maior e outro menor instalado no meio do público. Inclui também uma ponte para a banda atravessar do palco principal para o menor, sendo que neste executam basicamente clássicos sem o acompanhamento de metais e backing vocals voltando às raízes da banda nos anos 60 e, assim, inauguram um novo estilo de apresentações que se seguiram nas turnês seguintes. Com dois shows no Brasil, um em São Paulo e o outro no Rio de Janeiro (com participação mais que especial de Bob Dylan, inclusive abrindo os shows para a banda), confirmaram o país com status de rota obrigatória. Retrato dessa turnê foi o lançamento do álbum ao vivo No Security, em 1998.

A partir de 2001

Para comemorar os 40 anos do grupo, em 2002 lançam o álbum duplo Forty Licks (1962-2002) que traz, além de 36 sucessos da banda, 4 novos hits (Don’t Stop, Keys To Your Love, Stealing My Heart e Losing My Touch), sendo o primeiro uma espécie de resumo da perseverança característica da banda, atingindo bastante sucesso. Em 16 de agosto do mesmo ano com um show em Toronto (Canadá) os Stones lançam uma de suas maiores turnês - a Licks Tour (detalhe para a música Heart of Stone, não tocada ao vivo desde 5 de dezembro de 1965). Esta longa turnê passou por todos os continentes do planeta, tendo sido encerrada em 9 de novembro de 2003, em Hong Kong. Mantendo o status de maior banda de rock & roll do mundo e a tradição de suas espetaculares apresentações, montam estruturas distintas e específicas para shows em arenas, estádios e teatros, além de private shows. Ao final do mesmo ano lançam o esplêndido DVD quádruplo Four Flicks, mostrando cada um dos formatos de suas apresentações e toda a vitalidade dos músicos sessentões.

Quando todos imaginavam o fim da banda, devido a um câncer na garganta do baterista Charlie Watts diagnosticado em junho de 2004 e curado em fevereiro de 2005, o vigor incansável do quarteto com ênfase às belas letras de Jagger e Richards (conhecidos como The Glimmer Twins desde os anos 70, pela ligação existente entre eles, além das lendárias histórias que protagonizaram) produz um de seus melhores albuns de estúdio de todos os tempos. Lançado em 2005 A Bigger Bang traz uma sonoridade crua e voltada às raízes da banda: rock and roll, blues e rhythm and blues, além das pegadas das guitarras da dupla Richards/Wood, bem como para a harmônica melodiosa de Jagger, as 16 fortes canções do álbum mostram a excelência e competência de Jagger/Richards/Watts/Wood. Para a divulgação do álbum, mais uma vez iniciando em Toronto (em 10 de agosto de 2005), a banda se lança na estrada com a turnê do mesmo nome.

Em 18 de fevereiro de 2006, os Rolling Stones voltaram ao Brasil para o show da turnê A Bigger Bang. O show, gratuito, foi realizado nas areias da praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, para um público estimado em 1,5 milhão de pessoas, entrando para a história como o maior show da banda e um dos maiores concertos de rock de todos os tempos.

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Confissão de um estagiário!

Fui demitido. Justa causa.

Como estagiário, aprendi milhões de coisas e fui muito bem sucedido nas minhas funções. Juro que não entendo o porquê de me demitirem...
Eu tinha várias funções que fazia com excelência, entre elas:

1. Tirar xerox. 3.1 segundos por página.

2. Passar café.

3. Comprar cigarro e pão. 1 minuto e 27 segundos. Ida e volta.

4. Fazer jogos na Mega-Sena, Du pla-Sena, Lotofácil, Loteria Esportiva...

Eu era muito bom. Mesmo. Fazia tudo certinho, até que peguei certa confiança com o pessoal e resolvi fazer uma brincadeirinha inocente.

É impressionante o nível de stress em um ambiente de trabalho.
Quis dar uma amenizada na galera, deixar o povo feliz e fui recompensado com uma bela de uma demissão por justa causa. Puta sacanagem!

Vou contar toda minha rotina desse dia catastrófico.

Era quinta-feira, 27 de março, quando cheguei ao trabalho.

Nesse dia, passei na padaria no meio do caminho.
Demonstrando muita proatividade, comprei pão e 3 Marlboro. Já queria ter na mão sem nem mesmo me pedirem. Quando abri a agência (sim, me deixam com a chave porque o pessoal só começa a chegar lá pelas 11h), já vi uma montanha de folhas para eu xerocar na minha mesa. Xeroquei tudo, fiz café e deixei tudo nos trinques (minha mãe que usa essa gíria rs).
Como tinha saído um pouco mais cedo no outro dia, deixaram um recado na minha mesa: "pegar o resultado da mega-sena na lotérica".
Como tinha adiantado tudo, fui buscar o resultado. No meio do caminho, tive a ideia mais genial da minha vida e, consequentemente, a mais estúpida.

Peguei o resultado do jogo: 01/12/14/16/37/45. E o que fiz?
Malandro que sou, peguei uns trocados e fiz uma aposta igual a essa. Joguei nos mesmos números, porque, na minha cabeça claro, minha brilhante ideia renderia boas risadas. Levei os 2 papeizinhos (o resultado do sorteio e minha aposta) para a agência novamente.
Ainda ninguém tinha dado as caras. Como sabia onde o pessoal guardava os papeis das apostas, coloquei o jogo que fiz no meio do bolinho e deixei o papel do resultado à parte.

O pessoal foi chegando e quase ninguém deu bola pros jogos. Da minha mesa, eu ficava observando tudo, até que um cara, o Pedro começou a conferir.
Como eu realmente queria deixar o cara feliz, coloquei a aposta que fiz naquele dia por último do bolinho, que deveria ter umas 40 apostas.
Coitado, a cada volante que ele passava, eu notava a cara de desolação dele. Foi quando ele chegou ao último papel.
Já quase dormindo em cima do papel,vi ele riscando 1, 2, 3, 4, 5, 6 números. Ele deu um pulo e conferiu de novo.
Esfregou os olhos e conferiu de novo, hahahaha. Tava ridículo, mas eu tava me divertindo.
Deu um toque no cara do lado, o Rogério, pra conferir também.
Ele olhou, conferiu e gritou:
-"PUTA QUE PARRRRRRRRIUUUUUUUUUU, TAMO RICO, PORRA". Subiu na mesa, abaixou as calças e começou a fazer girocóptero com o pau.

Óbvio que isso gerou um burburinho em toda a agência e todo mundo veio ver o que estava acontecendo.
Uns 20 caras faziam esse esquema de apostar conjuntamente. 8 deles, logo que souberam, não hesitaram: correram para o chefe e mandaram ele tomar bem no olho do cu e enfiar todas as planilhas do Excel na buceta da arrombada da mulher dele.
No meu canto, eu ria que nem um filho da puta. Todos parabenizando os ganhadores (leia-se: falsidade reinando, quero um pouco do seu dinheiro), com uns correndo pelados pela agência e outros sendo levados pela ambulância para o hospital devido às fortes dores no coração que sentiram com a notícia.

Como eu não conseguia parar de rir, uma vaquinha veio perguntar do que eu ria tanto. Eu disse:
-"puta merda, esse jogo que ele conferiu eu fiz hoje de manhã.
A vaca me fuzilou com os olhos e gritou que nem uma putalouca:
-"PAREEEEEEEEEEM TUDO, ESSE JOGO FOI UMA MENTIRA.UMA BRINCADEIRA DE MAU GOSTO DO ESTAGIÁÁÁÁÁÁÁRIO"
Todos realmente pararam olhando pra ela. Alguns com cara de "quê?" e outros com cara de "ela tá brincando".
O cara que tava no bilhete na mão, cujo nome desconheço, olhou o papel e viu que a data do jogo era de 27/03.
O silêncio tava absurdo e só eu continuava rindo. Ele só disse bem baixo:
- É...é de hoje.
Nesse momento, parei de rir, porque as expressões de felicidade mudaram para expressões de 'vou te matar'.
Corri... corri tanto que nem quando eu estive com a maior caganeira do mundo eu consegui chegar tão rápido ao banheiro.
Me tranquei por lá ao som de "estagiário filho da puta", "vou te matar" e "vou comer teu cu aqui mesmo". Essa última foi do peladão !

Eu realmente tinha conseguido o feito de deixar aquelas pessoas com corações vazios, cheios de nada, se sentirem feliz uma vez na vida.
Deveriam me dar uma medalha por eu conseguir aquele feito inédito. Mas não... só tentaram me linxar e colocaram um carimbo gigante na minha carteira de trabalho de demissão por justa causa. Belos companheiros!

Pelo menos levei mais 8 neguinho comigo ! Quem manda serem mal educados com o chefe. Eu não tive culpa alguma na demissão deles.
Pena que agora eles me juraram de morte...agora tô rindo de nervoso.
Falei aqui em casa que fui demitido por corte de verba (consegui justificar dizendo que mandaram mais 8 embora, rs) e que as ligações que tenho recebido são meus amigos da faculdade passando trote.
Eu supero isso, tenho certeza.

É, amigos, descobri com isso que não se pode brincar em serviço mesmo...

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Revista Cultural na Casa das Rosas.

Venha assistir a uma Revista Cultural ao vivo e em cores, sem playback nem reprise: aqui e agora. Esta é a proposta do projeto Revista Cultural, uma parceria da Casa das Rosas com a banda Babilaques. A estrutura da revista busca a diversidade. A partir de um eixo temático, o evento passa pela música, cinema, internet e literatura. Um mosaico de linguagens e referências que será compartilhado com o público.

A primeira edição do evento será no dia 26 de agosto, às 20 horas, na Casa das Rosas, e homenageia o poeta Haroldo de Campos. Esperamos por você!

Serviço

Projeto Revista Cultural
Dia 26 de agosto, às 20h
Local: Casa das Rosas – Espaço Haroldo de Campos de Poesia e Literatura
Av. Paulista, 37
Próximo à Estação Brigadeiro do Metrô
Tel.: (11) 3285-6986

Poiesis – Organização Social de Cultura
Assessoria de Comunicação
Dirceu Rodrigues
Tel.: (11) 3285-6986 – ramal 213
dirceurodrigues@poiesis.org.br

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Sobre Fidel e Cuba.

Danielle, eu morei em Cuba durante um ano num intercâmbio científico. Não consigo com prender seu posicionamento. Evidente que a população reclama, e muito, de suas desventuras com a incrível falta de bens básicos. Mas todos têm consciência clara de que vivem sob a terrível ditadura imposta não por Fidel, mas pelos Estados Unidos nos últimos mais de 40 anos. Como é possível pensar numa abertura de mercado e de interação com o mundo se o país simplesmente não pode ter qualquer contato comercial com parceiros comerciais estrangeiros em função do bloqueio americano? É preciso mencionar que as visitas feitas por mandatários estrangeiros a Cuba não podem ser de caráter comercial. São simplesmente visitas com a intenção de chamar a comunidade internacional a prestar atenção ao grave problema enfrentado pela ilha. Desde o início do embargo imposto, já passaram 8 presidentes pela casa branca. Nenhum deles, seja republicano ou democrata, sequer cogitou o fim dessa ação absolutamente ditatorial. Ou podemos entender como normal que outro país tenha seu destino ditado por uma nação estrangeira e alheia a cultura local? Oras, alguns argumentam aqui sobre os índices de pobreza, saúde e outros como prova inconteste do mau governo de Fidel. Pergunto: Se em nossa casa nossos vizinhos resolvessem que deveríamos ficar trancados sem a menor possibilidade de comprar e vender para gerar receita que pudesse ser revertida para outros bens preciosos de uma casa, como faria? Além da tentativa de criar uma linha de contrabando, que mais nos restaria? De quem você teria raiva? De seus pais ou de seu vizinho?