segunda-feira, 12 de maio de 2008

Chico Belo

Histórias boas estão em todas as partes, basta saber buscá-las. Nesse caso, fui encontrar uma delas na última quadra, no último número da Avenida Engenheiro Caetano Álvares. Chico Belo, que de tão Chico, esquece-se que é Francisco Martins. O Belo da alcunha poderia ser uma referência ao seu sorriso, simpatia ou simplicidade no trato com todos. Mas, aos 48 anos completados há pouco, o belo do Chico é a sua história de ajuda, preocupação e cumplicidade à garotada da Vila Aurora, um pequeno bairro encrustado no meio da Água Fria e Horto. Usando a música como um instrumento de atração à alma juvenil, Chico Belo, mestre de bateria tarimbado, toca o projeto da Escola de Samba da Invernada (uma referência clara a Invernada da Força Pública que limita a Vila). Nunca ouviu falar? Pois deveria. Além de a escola já participar dos desfiles oficiais da Liga de Escolas de Samba de São Paulo, traz para seus quadros jovens ritmistas que vivem em situação de risco. Uma idéia plantada por Chico, de maneira bela, há cerca de doze anos, ganhou impulso por uma tragédia recente.

Alexandre Martins, jornalista promissor da TV Cultura, era um entusiasta e participante ativo das ações sociais do tio, Chico Belo, e um de seus grandes incentivadores. Aos 25 anos, ainda nos primeiros degraus de sua vida e carreira, foi assassinado num assalto a seu carro há pouco mais de quatro meses. Os autores do crime eram menores, adolescentes como os que todos os dias passam pelo bar do Chico Belo. A diferença, como percebeu Chico, é que esses carregavam uma arma.

Razões para revolta sobram em casos como esse. Chico Belo também as teve, mas resolveu tentar um caminho diferente, uma tentativa de fazer viver a lembrança de seu sobrinho em mãos livres da violência preenchidas pelo ritmo contagiante da bateria de uma escola de samba. Em frente ao seu bar, bem no final da Eng. Caetano - que apesar da simpatia contagiante, está mais triste com a ausência do sobrinho – Chico Belo recebe

Não finalizado.

Mario J. SIlva