sábado, 1 de novembro de 2008

Aos meus amigos que ficaram em alguma esquina.

O que fazer se a vida caminha assim?
De repente, todas as pessoas estão do seu lado. Caminhando juntos. Rindo juntos. Sonhando juntos. Planejando, nem tanto. Afinal, planejar envolve compromisso. Sonhar é simplesmente viver o momento.
Curioso como nessas horas a rua não acaba. Parece que dali à eternidade os passageiros serão sempre os mesmos, indo todos para o mesmo lugar. Seguindo simplesmente em frente, ainda que sem saber onde se vai chegar, mas seguindo em frente. Juntos. Amizade e cumplicidade. Dali para a eternidade juntos é só um pulinho. Afinal, não há outras pessoas, coisas, situações capazes de substituir os que estão do nosso lado. A rua é reta, enfeitada apenas por nossas próprias curvas e círculos que nos divertimos em criar. Ali nos encontramos todos os dias e nos despedimos todas as noites, já sabendo que de novo, amanhã, estaremos juntos. Na verdade, só pensamos no amanhã quando ele chega. E vamos andando. Nem percebemos que outros estão chegando, somando e subtraindo. Multiplicando possibilidades, mas dividindo em pequenos pedaçinhos aqueles sonhos do começo. Mas a rua ainda parece longa e reta, sem esquinas. Por enquanto. E continuamos andando, abraçados. Música e imagens nos ligam. A vida leve, sem problemas, é tão real. È! A rua que nos abriga é onde nunca deixaremos de estar. Juntos.
Mas a noite chegou. Despedi-me de vocês. Amanhã chegou. E por que estou numa esquina que nunca notei? Não sei!
Vocês devem estar lá também. Vou dobrar a esquina e andar nesta nova rua. Ando, ando, ando.
Olho para traz. Onde estão vocês? Onde estão suas vozes? Onde estão seus braços em torno de minha cintura, suas bocas sorridentes, seus olhos brilhantes, seus cabelos compridos? Onde estão nossos sonhos? Onde estão nossas músicas nossas imagens?
De repente percebo. Nas somas e subtrações, multiplicações e divisões peguei a esquina errada. Me perdi! Ou será que nos perdemos todos?
De repente, ao seu lado não estão todas as pessoas. E para aquela rua nunca mais voltarei. Meus, nossos caminhos vão tornando-se distintos e, incrivelmente, sequer voltam-se a cruzar. De novo a nova rua parece reta, sem esquinas. Esquinas que agora dariam a chance de, num relance, olharmo-nos novamente.